Benedita de Fátima Rezende nasceu em 30 de outubro de 1943 em Uberlândia – MG descendia das antigas famílias que fundaram a cidade. Sendo filha de Joaquim Rodrigues de Rezende e Maria Ferreira de Rezende, foram seus avós paternos Onofre Rodrigues de Rezende e Vergilina Maria de Rezende; e maternos, Modesto Ferreira de Rezende e Thereza Maria de Jesus. O seu nome foi dado para homenagear a São Benedito e a Nossa Senhora de Fátima. Quando tinha apenas dois meses de idade, seus pais, Joaquim e Maria se mudaram para a fazenda Sobradinho em Anápolis – GO, que era propriedade de seus avós. Ali brincou, cresceu e viveu por um bom tempo. Aos sete anos de idade já ajudava a seus pais, juntamente com seus irmãos Valdete e João na dura lida da roça e também no trabalho doméstico. A tardezinha quando chegavam do trabalho, seus pais rezavam o terço em família, ela e seus irmãos, ainda crianças cochilavam durante o terço, devido ao cansaço. Seu pai logo ralhava, pois era momento de rezar e não hora de dormir.
Primeira Comunhão de Benedita e Valdete |
A
família tinha uma forte devoção católica, nós tempos da seca iam rezar ao pé do
cruzeiro e fazer novenas. Na época em que ainda não tinham casa na cidade,
Joaquim alugava uma pensão e vinha de carroça com a família para participarem
na romaria do Bom Jesus e das celebrações da Semana Santa. A fazenda deles
sempre recebia visita dos padres, em especial dos freis Domingos Foley e
Benedito Coscia, este último posteriormente foi bispo de Jataí. Fez a sua
Primeira Comunhão juntamente com sua irmã Valdete nos anos de 1950, nessa época
a Igreja Nossa Senhora de Fátima funcionava na máquina de arroz do Sr.
Chiquinho. Seus primeiros estudos, assim como o de seus irmãos também foi na
fazenda, Joaquim seu pai contratava um professor particular para ensiná-los.
Depois de um tempo, para continuar os estudos mudaram-se para a cidade, morando
na Av. Tiradentes. Sendo assim, ela e seus irmãos foram matriculados na Escola
Paroquial Santo Antônio, que era mantida pelos frades franciscanos e pelas
Irmãs Franciscanas de Allegany. Na escola, ela e sua irmã Valdete se
destacavam, sempre eram as primeiras da classe, recebendo prêmios
constantemente.
Depois de um tempo, seus pais
decidiram retornar para a fazenda, e para a chateação delas iriam parar de
estudar, o que tanto gostavam. Joaquim foi à escola e conversou com a irmã
diretora, dizendo que iria retirá-las, a irmã afirmou: Seu Joaquim não faça
isso, a Benedita e a Valdete são excelentes alunas, são as melhores da classe,
será ruim, elas vão perder muito com isso. Ele respondeu: Eu sei disso irmã,
mas é que a gente vai voltar para a fazenda, e a Maria minha esposa não quer
deixá-las na escola, pois para ela, moça dessa idade na escola é para arrumar
namorado. E eu vou colocá-las no curso de corte e costura, se algum dia precisarem
já saberão se arrumar na vida. E assim foi feito, saíram da escola e foram
matriculadas no curso de corte e costura, um tempo depois já com bastante
prática foram costurar para o Sr. Benedito Neves, um alfaiate renomado da
cidade e também pai da deputada e ex-primeira dama de Anápolis Onaide Santillo.
Casamento de Benedita e Josias |
Na adolescência, ela e sua irmã
Valdete gostavam de dançar e namorar, namoro que naquele tempo era só pegar na
mão e nos bailes dançar, mas tudo sob a vigia dos pais. E em um baile na casa
de seu tio Olimpio Rezende, conheceu e dançou com um rapaz, que de imediato se
interessou por ela. Foi assim que conheceu Josias, o seu futuro esposo. Nessa
mesma época Josias foi trabalhar na olaria de Joaquim, o seu futuro sogro.
Namoraram por um tempo e ficaram noivos, casando-se em 18 de setembro de 1965
na Igreja Santo Antônio. Com o casamento passou a se chamar Benedita de Fátima
Araújo. Benedita e Josias ficaram morando na fazenda do pai, nascendo nessa
época os filhos Jaime e Maria Amélia, depois mudaram-se para uma chácara em
Miranápolis, nesse período tiveram mais dois filhos: Waltercy e Edésio. Um
tempo depois se mudaram para o Campo Limpo, no qual arrendaram uma pequena
chácara em que cultivavam hortaliças.
Tiveram mais um filho deu-o o nome de Elias. Após três anos aí, em 1974 mudam-se pela última vez, Josias e
Benedita constroem uma casa num lote que tinham na Vila Jaiara, têm nessa época
mais dois filhos: Lucas e Josias Filho.
Josias trabalha como comerciante ambulante e feirante, e Benedita toca
em casa uma pequena frutaria. Com muita dificuldade Josias e Benedita
mantiveram-se firmes em sua missão, trabalharam e suaram muito para cuidar de
seus sete filhos. Quando perdeu precocemente seu filho Elias, como sofreu por
sua morte, uma dor que ela afirmava que só sumiria com a morte dela. Também ajudou
e cuidou de muitos netos, dedicando-lhes parte de sua vida.
A vida de Benedita foi simples e
austera, sua vida resume-se no lema de São Bento, ora et labora, ou seja, reza e trabalha. Isso, foi o que ela fez de
sua vida, rezou e trabalhou a vida inteira, pelo menos enquanto pode. Às vezes
ela era de um gene difícil e enérgico, mas nada que não passasse. O que marca
mesmo para nós, é o fato dela ter sido uma mulher conselheira, caridosa, mãe,
avó e amiga, que procurava ajudar aqueles que precisavam e de uma profunda
convicção na fé. Desde que a Rádio Voz
do Coração Imaculado entrou no ar em 1996, ela foi umas primeiras ouvintes e
continuou enquanto pode. Não desligava o rádio, passava o dia todo com ele
ligado, enquanto não se encerrava a programação do dia com a oração da noite e
com o canto que ela tanto gostava, Boa Noite meu Pai. Depois disso, ia ajoelhar
diante de sua cama e rezar pela Igreja, por sua família, pelas almas do
purgatório e pelos necessitados. No seu dia a dia, gostava de anotar e refletir
em seus caderninhos o evangelho do domingo, as frases e pensamentos de santos,
as catequeses do papa, charadas e anedotas. Nos domingos, nós que éramos seus
netos, ela sempre perguntava se já tínhamos ido a Missa.
Benedita e seu primo Padre Armando Ferreira |
Em
2004, o vô Josias falece e algum tempo depois, ela sofre o primeiro derrame,
sempre a pressão subia e por muitas vezes ficou internada. Teve o segundo e o terceiro derrame, esse
último há três anos, e que deixou sequelas irreparáveis, perdeu o movimento do
lado direito do corpo, não andando mais e também não conversando normalmente,
as poucas palavras que ela falou nesse tempo foram: Nossa Senhora, Credo, que, “tadinha”, não e, uma ou duas palavras a
mais. Jamais perdeu o sentindo, conhecia e ficava muito feliz com as suas
visitas. Nesses três anos ela passou por um grande sofrimento, mas que ela
ofereceu por amor a Jesus e pela sua purificação. Ela sempre rezava, ainda mais
quando o rádio estava ligado, como ficava feliz. Como gostava das canções
marianas, quanto apreço e devoção tinha por Nossa Senhora. E quando o ministro
extraordinário da Comunhão Eucarística chegava então, parecia estar em êxtase
de tanta alegria, levantava a mão rumo a JESUS Eucarístico e rezava. Ali se percebia o ápice e a
grandiosidade de sua fé.
Num livrinho de reflexão espiritual, ela deixou marcado
e comentado no que acreditava. Como se pudesse saber muitos anos antes que iria
passar por um sofrimento, a mensagem é a seguinte:
- “Coloque DEUS, conscientemente, em tudo o que faz, em todos os seus
problemas. E verificará que seus sofrimentos se transformarão em experiência e
aprendizado. Coloque DEUS em todos os seus pensamentos, e sua vida se
transformará num hino de alegria e louvor, porque as dores se esvairão como as
trevas, que desaparecem aos primeiros clarões da aurora”...
Diante dessa
mensagem ela escreveu comentando: “Eu
acredito. Benedita de Fátima.” “Queria tanto que o meu povo conhecesse a
palavra de DEUS!”.
Em outra página vem a seguinte
mensagem:
-
“Sem esforço de nossa parte, jamais atingiremos o alto da montanha. Não
desanime no meio da estrada: siga à frente, porque os horizontes se tornarão
amplos e maravilhosos à medida que for subindo. Mas não se iluda, pois só
atingirá o cimo da montanha, se estiver decidido a enfrentar o esforço da
caminhada”. Mais uma vez ela
comentou, e parecia que estava angustiada:
“Eu estava triste, sentindo dor! Depois que eu li, meu coração se alegrou”.
A
virtude da esperança dá sentido à vida dos cristãos, em sua caminhada à vida
eterna, mas, sobretudo, lhes dá firme certeza para superar as dificuldades que
se apresentam, no seu dia a dia, e na busca da salvação, que será experimentada
plenamente na eternidade. Perdemos alguém que parte para a vida eterna? Creio
que não! Sempre devemos pensar que ganhamos para o reino dos Céus uma pessoa
que muito amamos. Estará junto de Jesus aquela que o amou e continua a ser
amada por Ele.
E
é isso que nos consola nesse momento de dor e separação, saber que durante a
sua vida e de forma mais especial nesses três anos ela se preparou, e agora
está junto de JESUS na glória celeste, Aquele a quem ela tanto amou e confiou.
Jesus veio bater à porta do nosso lar e chamou para Sua Divina companhia nossa
inesquecível Benedita. Ela deixou no coração de cada um de nós uma lembrança
viva, cheia de amor, carinho, e de uma mulher conselheira e de fé. Senhor, nós te agradecemos pelo tempo que ela
permaneceu conosco e te pedimos dai a ela o descanso eterno.
Saudades de seus
filhos, netos, familiares e amigos. A
você vó, o nosso NEOQEAV!
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Texto escrito e lido na Missa de 7º dia, de autoria de Daniel Alves Rezende. Benedita faleceu no dia 15/05/2012, e a Missa de 7º dia
realizou-se em 21/05/2012 na Paróquia Divino Pai Eterno em Anápolis-GO,
sendo celebrada pelo Pe. Fidélis Stockl, ORC.
Daniel Rezende - © 2012 - Todos os direitos reservados
Daniel, os meus sentimentos pelo falecimento de sua avó. Rezei por ela. Continue escrevendo esse seu excelente blog. As gerações futuras ficarão agradecidas por depoimentos históricos de grande importância como é o seu Blog.
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