sábado, 11 de dezembro de 2010

A Fazenda do Sobradinho


Carro-de-boi partindo da casa-sede  - 1935
A formação da Fazenda do Sobradinho se dá com a chegada da família Cabral de Menezes. Chegaram à região por volta de 1840, provavelmente oriundos de Formiga. Em solo uberlandense começaram a formar diversos sítios, sobretudo no Córrego do Bebedouro. Com a morte dos pioneiros Francisco Cabral de Menezes, João Cabral de Menezes e Valério Cabral de Menezes, as terras vão ser inventariadas e passadas aos seus descendentes. No princípio a fazenda consistia numa grande propriedade, mais com o número elevado de filhos e conseqüentes herdeiros, a fazenda sofre uma fragmentação.  Muitos desses herdeiros vão vendendo seus direitos a outras famílias. Em 1898 os irmãos Francisco Joaquim de Moraes e Constantino Joaquim de Moraes vão adquirir uma gleba situada na margem esquerda do Córrego do Bebedouro. Também adquiriram terras na região, Angilberto Luiz da Costa, Manoel Fernandes de Lima, Antônio Crescêncio de Mendonça, Miguel José Paniago, Conrado Alves de Britto, entre outros. Posteriormente é Silvério Lourenço de Paula, que vai adquirir a referida gleba.  Em 1907, ele a vende ao senhor Eusébio Bento de Oliveira e sua esposa Carolina Maria de Jesus. Permanecem na fazenda até 1928, quando a mesma é adquirida por Modesto Ferreira de Rezende.

Curral e casa-sede no fundo - 1935
 A partir da década de 1910, começa a chegar à região muitos imigrantes italianos. Já estavam no Brasil há algum tempo, pois se fixaram inicialmente no estado de São Paulo, onde eram trabalhadores nas plantações de café.  Com o surgimento de oportunidades de adquirirem suas próprias terras e por preço acessível, embarcam na Mogiana¹ rumo ao Triângulo Mineiro. Podemos destacar nessa perspectiva as famílias Buiatti, Malagoni, Lozzi, Giaretta, Rizza, Biasi, Zanatta, Segatto, Zago, entre outras.

A casa-sede da fazenda nos dias de hoje.
Modesto conhecia bem a região, sabia que as terras eram boas para a lavoura, quanto para a criação de gado. Porém, continuou residindo com sua família na Fazenda Jardim, havida por herança de seu sogro João Gomes Pereira. Também possuía uma pequena gleba na Fazenda São Francisco, obtida pela herança citada anteriormente. Visitava o Sobradinho constantemente, a fim de cuidar da propriedade e ver o trabalho dos peões com o gado.  Em 1935, Ladário Ferreira Gomes (filho de Modesto) casa-se com Geralda Alves da Rocha, e Modesto com sua família muda-se para o Sobradinho, a fim de deixar o sítio do Jardim de moradia para o novo casal. 

Os velhos esteios ainda resistem a ação do tempo
Chegando a Sobradinho, uma propriedade até então de uns 20 alqueires, começa a expandir as terras. Para isso, começou a comprar terras dos confrontantes. Em 1934, já havia adquirido 5 alqueires do casal italiano João Malagoni e Ludovina Lozzi. Modesto ia poupando o máximo que pudia, e só pensava em aumentar a propriedade. Em 1937, comprou as terras de José Agostinho e sua mulher, dona Hermelinda Lozzi. Depois são as terras de Antônio Crescêcio de Mendonça e Natal Lozzi, que vão ser adquiridas.  A Sobradinho de uma grande fazenda dos Cabral de Menezes, foi fragmentada formando vários sítios por volta de 1900. E a partir da década de 1930, volta a ser uma grande fazenda, só que pertencendo a Modesto Ferreira de Rezende.  

Modesto mandou reformar e ampliar o velho casarão de esteios e assoalhado, trocou as velhas telhas comuns (colonial) por telhas francesas. Montou um engenho, o qual o registrou e denominou de “Engenho Banguê”. Também abriu uma olaria, formou plantações de abacaxi e melancia, e ainda o grande rebanho bovino que possuía. Para tantos afazeres, Modesto contava com o trabalho dos seus filhos, 12 no total. Sendo seis mulheres e seis homens. As mulheres eram responsáveis pela lida da casa, junto com sua mãe. E os homens, designados para as lidas pesadas da fazenda.  Modesto com sua simplicidade e trabalho, conseguiu acumular um bom patrimônio. Com o seu falecimento em 1953, a fazenda sofre outro processo de fragmentação, seus 12 filhos vão formar cada um, pequenos sítios.  Na atualidade ainda se encontram descendentes nesses sítios. Porém, assim como no restante do Brasil, o fenômeno denominado êxodo rural, levou a maioria a vender suas propriedades e se mudar para a cidade.
Engenho de ferro fundido, foi colocado na década de 1930 em substituição aos de madeira.




Vista do quintal centenário




NOTAS

Mogiana¹ - Referente a Cia. de Estradas de Ferro Mogiana,  os italianos vinham de São Paulo para Uberlândia em locomotivas da respectiva companhia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TEIXEIRA, Tito. Bandeirantes e Pioneiros do Brasil Central. 1º vol. 1ª Ed. Uberlândia: Uberlândia Gráfica, 1970.


FOTOS
Acervo Onofre Rezende



Daniel Rezende - © Todos os direitos reservados

3 comentários:

  1. Meu grande amigo. Belo texto, Belas fotos. É muito agradavel ler seu blog. Estou viajando nesta senama e só retornarei antes do fim do ano. Por isso não vou poder deixar meus comentários aqui e nem postar em meu blog. Mas ainda colocarei uma última postagem desejando um bom natal a todos. Fica com Deus.

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  2. História onde inclui meu bisavô Antônio Crescêncio de Mendonça,que linda !!

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